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Era uma vez (e foi só uma vez)

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Era uma vez uma senhora secretária de estado de um governo socialista de um pais democrático que vai hoje mesmo a um almoço-debate organizado por um clube que tem como sócio honorário o presidente de um partido declarado ilegal pelo tribunal constitucional desse país. Esse almoço-debate - cujo menu se desconhece, mas que será de fácil digestão – está subordinado a um tema que foi bandeira eleitoral do partido a que a senhora pertence. Era só isto.

Catarina

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Não entendo. Não entendo e, mesmo que conseguisse entender uma parte do problema, teria que ligá-lo à probabilidade de ter começado antes da pandemia, numa altura em que a vida na Terra ainda existia: como é possível adoptar uma postura meio neo-hippie, ensimesmada, enfiada, como a cerveja à pressão é enfiada nos barris, entre trejeitos zen e uma posição de intervenção social que rondará a velocidade média entre o caracol e a lesma, quando pessoas, enfim, morrem aos nossos pés por não comerem ou por não terem acessos aos cuidados mais básicos de saúde? Espera-nos um inverno, no mínimo, frio, sobretudo hoje, agora, que as startups fecharam as portas que nunca abriram e há vidas extra para os créditos desta vida, até ser game over. Espera-nos a rua, o desemprego, os outros na rua, familiares que morrem, namoros estragados por uma merda qualquer (Setembro, dizem, é pródigo na matéria), um Outono a convidar à praia quando a altura é para pagar a prestação da casa cujo banco já espreita e,

Prosopagnosia (video)

Carlotta tem uma deficiência rara chamada "prosopagnosia", que não lhe permite reconhecer os rostos das pessoas. Até hoje, já pintou 1432 auto-retratos. Esta curta-metragem de animação, realizada por Valentin Riedl, já foi incrivelmente premiada. Deu, aliás, origem a um filme-documentário, "Lost in Face" (trailler em http://shorturl.at/afkrO), dirigido pelo próprio e já estreado, no início de 2020, em alguns países do mundo. Apenas legendei, mas espero sinceramente que tenha valido a pena, de tão penoso que é ver que obras de arte como estas não passam na televisão pública, que todos pagamos.

Heidi e o Utilitarismo

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É sabido que o apreço pelas pessoas com deficiência, do ponto de vista político, é geralmente fraco. Em alguns casos, como no caso português, fraquíssimo. Vive-se à espera que as leis se cumpram, imersos que estamos na ideia de que um dia, um governo, levantado do chão, se lembre de as aplicar. Espera-se a vinda do Messias mas o Messias não vem e, acaso não venha antes de morrermos, morreremos e, mortos, não precisaremos do Messias. Tudo está bem. Vai indo, obrigado. Por uma questão de (en)formação académica, não gosto nem de escrever nem de falar sobre Filosofia. A Filosofia, acho, é como a Poesia que, como terá dito Novalis, é o real absoluto, e havendo já um real absoluto, não precisamos de procurar outro. Ir à Filosofia é um pouco como ir à pesca: é um desporto sangrento, ocasionalmente grave para a presa, mas nunca uma atitude santa para quem o pratica. O peixe morre asfixiado, o anzol pode ficar dentro do bucho, poderá jorrar algum sangue ou até mesmo cuspir a tripa antes de pere

Whataboutism(s)

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Quando, nas redes sociais - sobretudo, no Facebook -  dou conta da opinião de algumas pessoas (da maior parte delas, até) acerca da forma como devemos perceber o racismo, percebo que quase todas são profundamente unilaterais. Explico: quase todas tendem a forçar um determinado ponto de vista (que pode ou não ser o delas, mas que é, segundo todas as outras, o único verdadeiro). Quem não partilha aquele olhar radical, de cisão, de posicionamento extremado acerca da forma como toda e qualquer atitude racista deve ser lida passa para o lado mau da força: é, obviamente, racista. As minhas posições políticas (para os verdadeiros humanistas, não há posições ideológicas, há posições políticas, acho) recaem, por uma questão que não explico e me é essencial, numa forma terna (revolucionária, mas terna) de perceber as pessoas na vida em que estão, em que conseguem ser pessoas, mas em que estão depostas. Com "depostas", quero dizer, colocadas, situadas, enterradas vivas ou soltas, postas

Acessibilidade aos Transportes Públicos e Formação

Video da Autoridade Metropolitana de Transportes  da cidade de Nova Iorque (MTA) . Mesmo sabendo que isto só acontece num mundo ideal, é interessante perceber que os operadores de transportes públicos noutros países apostam na formação dos seus funcionários e não a dissociam da formação aos seus clientes. À atenção da CARRIS , a claros anos-luz disto.

Bucho e a Ordem

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Aqui no burgo, O coordenador da Protecção Civil Municipal de Setúbal, José Luís Bucho, diz, acerca do vírus, que "as pessoas têm de começar a comportar-se melhor." Não é honesto tirar as frases, curtas que sejam como esta, do seu contexto. Mas há excepções. Não sei o que se passa, na verdade, em Setúbal, mas não deve ser muito diferente do que se passa na Amadora, no Cacém ou em alguns "hostel" dos bairros mais ou menos "históricos" da capital. Não sei o que passa, não sei nada do que se passa, sobtetudo não sei o que se passa e é consentido pelas, para usar este termo lindíssimo, "autoridades competentes". Também não sei - nem me interessa, na verdade - o que os jovens ou os adultos ou lá quem fôr faz em Setúbal. Interessa-me, isso sim, o que a Protecção Civil, a PSP e a GNR fazem nas horas vagas (ou mesmo nas outras), seja em Setúbal, na Cova da Iria ou Caparica. Sou, ao contrário de Bucho, um ignorante. Mas, se fosse Bucho - e não sendo eu Mol