300 mil euros por dia em acessibilidades

Foi notícia há mais de um ano: apenas 3 dos 124 sites da Administração Pública portuguesa mantinham os parâmetros mínimos de acessibilidade. Hoje, basta fazer uma visita breve por uma dezena deles para percebermos desde logo que nada mudou. Ou, se mudou, mudou para pior, na medida em que o número de sites governamentais aumentou (sobretudo, a quantidade dos denominados microsites, muito por causa da pandemia).

Assim, há coisas que, pela calada, vão acontecendo. Em nome da transparência, esquece-se a pouca falta de vergonha que pudesse ainda haver e sabe-se, por exemplo, que o Estado português está autorizado a gastar 58 milhões de euros num "programa de acessibilidades aos serviços públicos e na via pública" até - imagine-se! - ao final deste ano. Portanto, em menos de 198 dias, Portugal, se quiser cumprir este programa e honrar os seus compromissos face ao bom aproveitamento dos fundos europeus e dos do erário público, terá que fazer um gasto em acessibilidades de cerca de 300 mil euros/dia...

Note-se, e olhando apenas países cujas nacionais falam português 58 milhões de euros são:


  • 336.684.200,00 Reais
  • 65.267.400,00 Dólares
  • 1.421.000.000.000,00 Dobras
  • 4.437.000.000,00 Meticais
  • 610.234.820.000,00 Francos CFA
  • 6.395.370.000,00 Escudos cabo-verdianos
  • 37.509.945.600,00 kwanzas
  • 520.996.600,00 Patacas Macaenses

Em bom português, muito guito.

No entanto, para desenterrar esta informação, foi preciso ir buscá-la ao inferno. E o inferno, neste caso, é o site mais complexo que conheço e que, na verdade, deveria ser, como exemplo, o mais acessível de todos: o site do Parlamento Português. É clicar (com cuidado e um calmante) em parlamento.pt

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