GFTTCPcD - Glossário Frásico de Termos Técnicos Coisinhos Para a Deficiência


Como ainda não existe, deixo-vos apenas aqui um pequeno "Glossário Frásico de Termos Técnicos Coisinhos Para a Deficiência", vulgarmente usado por pessoas que têm uma deficiência invisível (que está na moda) mas que têm uma deficiência do tamanho de um Alfa pendular:

  • Fralda - "Vou mudar o pensinho e já venho."
  • Tala - "É uma bota alta. Tenho que usar uns meses mas depois é para tirar."
  • Algália - "É um tubinho. É como um dreno, é para tirar daqui a uns dias."
  • Andarilho - "É só até adquirir a postura do homo erectus"
  • Incontinência Fecal - Com licença, estou mal da barriga. Ando a beber chá verde, que é laxante."
  • Incontinência Urinária - "Com licença, ando a beber chá verde, que é diurético."
  • Muletas - "São canadianas, mas tudo bem... eu percebo."
  • Colete de retenção - "é quentinho"
  • Barra de apoio para banho - "divirto-me imenso com isto..."
  • Dismetria - "aleijei-me a jogar ao bate-pé"
  • Miopia/Hipermetropia - "Parece que ninguém pagou a conta da EDP..."
  • Dificuldades de Aprendizagem - "O puto é inteligente mas é uma turma enorme. Enorme."
  • Nanismo - "Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura, como dizia a Florbela Espanca"
  • Poliomielite - "Digo sempre 'polio', que assim ninguém percebe. Foi da vacina."
  • Spina Bifida - "Tenho uma malformação congénita do tubo neural, mas não é grave. Tive sorte."
  • Deficiência Intelectual - "Trabalho num CAO"
  • Deficiência Motora - "A cadeira é para não me cansar"
  • Cadeira eléctrica - "Assim não me canso"
  • Esclerose Lateral Amiotrófica - "Há por aí um medicamento novo..."
  • Distrofia Muscular - "Vou juntar dinheiro para ir a Cuba"
  • Ambliopia / Baixa Visão - "tenho que usar menos vezes óculos escuros"
  • Cegueira ACAPO - "Olha a secretária de estado, a Ana Sofia, que é minha amiga... vês? tudo se consegue com força de vontade. E tenho muitos amigos advogados!"
  • Cegueira não ACAPO: "Ah, mas tenho outros sentidos muito apurados!"
  • Psoríase - "Aquela praia era só alforrecas"
  • Surdez - "pertenço à comunidade surda"
  • Autismo - "O meu filho é super inteligente!"
  • Síndrome de Down - "Ela é uma mulher do Teatro, parece a Simone de Oliveira!"
  • Amputação - "Foi na guerra. Pisei uma mina..."
  • Paraplegia - "Eu ia devagar, mas estava a chover..."
  • Tetraplegia - "Estive 13 meses em coma e quando acordei não sentia nada do joelho para baixo. Mas tenho sensibilidade cá em cima, atenção!"
  • Colostomia - "Já tenho operação marcada para tirar isto"


to be continued...

(imagem: Wassily Kandinsky, "Dance Curves: On the Dances of Palucca", 1926)


Comentários

  1. ulrikeyamazaki04 março, 2022

    Casino games & odds | JTM Hub
    Check out the casino slots, table games, and online slots 문경 출장샵 of today, tomorrow, 군산 출장샵 and beyond. 대전광역 출장마사지 Get casino 김제 출장안마 games & odds & join 사천 출장샵 today to get up to

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Whataboutism(s)

Imagem
Quando, nas redes sociais - sobretudo, no Facebook -  dou conta da opinião de algumas pessoas (da maior parte delas, até) acerca da forma como devemos perceber o racismo, percebo que quase todas são profundamente unilaterais. Explico: quase todas tendem a forçar um determinado ponto de vista (que pode ou não ser o delas, mas que é, segundo todas as outras, o único verdadeiro). Quem não partilha aquele olhar radical, de cisão, de posicionamento extremado acerca da forma como toda e qualquer atitude racista deve ser lida passa para o lado mau da força: é, obviamente, racista. As minhas posições políticas (para os verdadeiros humanistas, não há posições ideológicas, há posições políticas, acho) recaem, por uma questão que não explico e me é essencial, numa forma terna (revolucionária, mas terna) de perceber as pessoas na vida em que estão, em que conseguem ser pessoas, mas em que estão depostas. Com "depostas", quero dizer, colocadas, situadas, enterradas vivas ou soltas, postas
Ler mais

Catarina

Imagem
Não entendo. Não entendo e, mesmo que conseguisse entender uma parte do problema, teria que ligá-lo à probabilidade de ter começado antes da pandemia, numa altura em que a vida na Terra ainda existia: como é possível adoptar uma postura meio neo-hippie, ensimesmada, enfiada, como a cerveja à pressão é enfiada nos barris, entre trejeitos zen e uma posição de intervenção social que rondará a velocidade média entre o caracol e a lesma, quando pessoas, enfim, morrem aos nossos pés por não comerem ou por não terem acessos aos cuidados mais básicos de saúde? Espera-nos um inverno, no mínimo, frio, sobretudo hoje, agora, que as startups fecharam as portas que nunca abriram e há vidas extra para os créditos desta vida, até ser game over. Espera-nos a rua, o desemprego, os outros na rua, familiares que morrem, namoros estragados por uma merda qualquer (Setembro, dizem, é pródigo na matéria), um Outono a convidar à praia quando a altura é para pagar a prestação da casa cujo banco já espreita e,
Ler mais

Era uma vez (e foi só uma vez)

Imagem
Era uma vez uma senhora secretária de estado de um governo socialista de um pais democrático que vai hoje mesmo a um almoço-debate organizado por um clube que tem como sócio honorário o presidente de um partido declarado ilegal pelo tribunal constitucional desse país. Esse almoço-debate - cujo menu se desconhece, mas que será de fácil digestão – está subordinado a um tema que foi bandeira eleitoral do partido a que a senhora pertence. Era só isto.
Ler mais