Os Dux Veteranorum com deficiência

No meio académico, há um assunto que todos falam pelos cantos mas que ninguém usa olhar de frente: o "contigente especial", uma espécie de numerus clausus para as pessoas com deficiência na entrada para o glorioso mundo das corridas loucas da faculdade. Fica a azia das pessoas que entraram por duas décimas no curso que queriam por comerem do mesmo prato das pessoas com deficiência - aquelas que as passam, agora, à frente na fila do hipermercado - que entraram no incrível planeta académico com menos cinco valores que os melhores amigos delas, que tiveram de emigrar para Trás-os-Montes ou para o Politécnico de Setúbal.

Cofesso que me incomoda a possição desta malta, sobretudo porque até sabem que existem outros "intrusos" arregimentados pelos contigentes, por exemplo, dos "emigrantes portugueses e familiares que com eles residam" (leia-se, por exemplo, os meninos ricos dos papás do Corpo Diplomático) ou dos "candidatos militares" (leia-se, por exemplo, os meninos pupilos do Exército). Sabem, por outro lado, que a malta do Erasmus mata muitos lugares no anfiteatro, mas como há relações "inter-culturais" que interessam (suecas e italianos incluídos), enfim, a coisa passa.

Mas o pior, mesmo pior de tudo é que há o reverso da medalha: as pessoas com deficiência que, depois de tirarem 27 mil cursos superiores, 342 mestrados e 77 doutoramentos e 95 pós-graduações em merdas que não interessam a ninguém, atiram-se às redes sociais e, como quem não quer a coisa, do alto da sua sapiência, proclamam aos quatro ventos a sua douta sabedoria. Eu não queria dizer, mas estava aqui mortinho para o fazer r até sou isto, até sou aquilo, e, com estas merdas, conseguem ser mais aborrecidos que aqueles tipos que dizem que tiraram o curso na universidade da vida.

A navegação é tosca. Navegam por zonas onde o vento não e favorável. Bolinam. Bolinam muito. Mas dos seus píncaros são melhores que ninguém, mesmo que durmam com o diploma na parede do quarto.

A malta que se toque, Uma coisa é ser culto. Outra, muito diferente, é ser pedante. A primeira, dá trabalho, exige uma certa classe, um certo saber-estar que não é para todos nem para todas; outra, é fácil, tão triste como a atitude daqueles e daquelas que acham que o contigente especial para as pessoas com deficiência é uma desculpa boazinha para todos aqueles que tiveram acidentes de mota (na faculdade, toda a gente com deficiência ficou deficiente porque teve um acidente de mota).

A verdade é que ninguém precisa de saber que és licenciado ou licenciada numa merda qualquer. Isso não te fará melhor nem mais alto, nem te livraria, se pudesses, de andar com um saco da Glovo às costas pelos subúrbios de Lisboa. É o que não falta, my dear fellows.

(imagem: Pawel Kuczynski, 'Bath', 2018

Comentários

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