O Segredo

Era tudo muito estranho quando, pela primeira vez, ouvi dizer que as pessoas com ideias bem definidas (não necessariamente fechadas, mas claras) sob as coisas eram as que falavam claro. De facto, ainda hoje, e apesar de já terem passado algumas décadas deste dia em que se fez luz sobre mim, é-me impossível dizer que não a esta forma de pensar.

No caso de um certo fabuloso mundo associativo e institucional, avassaladora é a paixão pela forma de destratar o outro com linguagem dominada por siglas, acrónimos, palavreado pseudoevoluído, neologismos e merdas do género. As pessoas com deficiência, uma vez entradas naquilo que seria o seu mundo (nada sobre nós sem nós, é o que se diz), saiem pela janela, a uma velocidade três vezes superior à da luz. Importante é que tudo pareça estar no lugar, mesmo que esteja tudo fora das gavetas, espalhado pelo chão, pela cama, pela varanda. Perdido.

É um verdadeiro desafio à Física, mas... estarão os técnicos deste mundo cientes daquilo que, um dia, alguém se lembrará de inventar e que possa ser chamado de "linguagem inclusiva", por mero exemplo? Lembro: é importante que a coisa que permaneça em segredo que, a ser sequer pensada, poderá ser uma terrível ameaça a quem gosta de complicar o que é fácil, só para que não pareça ligeiro.

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