Produtos de Apoio e Deficiência - Perspectiva de Mercado


Todos nós, aqueles e aquelas que vivem e convivem com a deficiência, já o sabem. De resto, tudo o resto vai sendo descoberto aos poucos. Um estudo de mercado recente realizado pela consultora Allied Market Research aponta, de 2017 a 2023, um crescimento de vendas dos produtos de apoios destinado às pessoas com deficiência e a idosos na ordem dos 7,8% (taxa de crescimento anual composta), com um aumento de 8.9% exclusivo no que toca à venda produtos de apoio à mobilidade (cadeiras de rodas, canadianas, andarilhos, etc). Serão cerca de 33,3 milhões de euros a mais, sendo que a Índia registará a maior taxa de crescimento de vendas: 12,6%. 

Este dado é, sobretudo, importante não só para as pessoas e companhias que inventem ou quererão investir nesta área. Mas é igualmente importante para nós, pessoas com deficiência. Há um problema - patente não só no que vemos fisicamente e tocamos mas no que nos é dado a conhecer através da publicidade - directamente relacionado com o design inclusivo: as coisas são incrivelmente feias.

Uma simples notícia relacionada com a deficiência mostra, normalmente, uma imagem de alguém sentado numa cadeira de rodas das que só existirão em blocos operatórios, nos hospitais mais tetricos deste mundo. Os bancos de imagens das agências noticiosas estão a abarrotar de imagens de canadianas e andarilhos dignos do guarda-roupa dos filmes do início do século passado. Mais: a sinaléctica (a pouca que existe) relacionada com a deficiência parece saída de um dos piores episódios da Rua Sésamo.

Não se investe. Não se cria. E podemos pensar nisto, neste boom de vendas dos produtos de apoio, de duas formas: ou se criará com engenho e cor para não se fazer mais do mesmo ou se fará em série porque não vai ser necessário com personalização, com ajuste, sem "encostar" o produto a quem o usará.

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